Justiça recebe denúncia em desfavor de policiais envolvidos no caso Milagres
Polícia trocou tiros com os bandidos e impediu o ataque;
14 pessoas morreram no Ceará — Foto: GloboNews/ Reprodução
A Vara Única da Comarca de Milagres recebeu nesta
segunda-feira (20/05) a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do
Ceará (MPCE) em desfavor de 19 policiais e do vice-prefeito de Milagres, Abraão
Sampaio de Lacerda, acusados de homicídio qualificado e fraude processual no
caso Milagres. A peça acusatória foi apresentada pelo MPCE no dia 26 de abril
de 2019 e é assinada por uma comissão de promotores de Justiça especialmente
destacada para acompanhar o caso. Ao receber a denúncia, a Justiça também
levantou sigilo sobre a investigação.
A investigação apurou que as lesões que causaram as
mortes de cinco reféns foram provocadas por disparos de fuzil efetuados por
policiais. “Não há como negar que, ao efetuarem três dezenas de tiros de fuzis
contra pessoas indefesas, num momento em que não existia confronto entre
assaltantes e policiais, e em que os reféns tentavam se abrigar por trás de um
poste, os denunciados assumiram conscientemente o risco de produzir as suas
mortes, devendo, portanto, receber as sanções pela prática de cinco crimes de
homicídio por dolo eventual”, conforme citado na ação. A denúncia aponta também
a participação de policiais nas mortes de integrantes do bando responsável pela
tentativa de assalto.
A peça delatória descreve ainda que um aparelho de DVR de
uma câmera de segurança próximo às agências bancárias foi formatado duas vezes
pelos policiais na manhã do dia 7 de dezembro de 2018. Além disso, após o
término das ações, alguns policiais, auxiliados por terceiros, recolheram
projéteis e moveram os cadáveres com o objetivo de induzir a erro os agentes da
perícia forense que examinariam a cena do crime.
Além do recebimento da denúncia por homicídio doloso e
fraude processual, o MPCE solicitou à Justiça a suspensão do exercício das
funções públicas de todos os representados. Os acusados receberam prazo de dez
dias para responder, por escrito, às acusações.
Com
informações do MPCE