Foto: Ednardo Alves
Horas depois da prisão do prefeito Ticiano da Fonseca
Félix, o Ticiano Tomé, a Câmara Municipal de Granjeiro empossou, no fim da
tarde de ontem, o presidente da Casa como prefeito interino. Luiz Márcio
Pereira, o Marcim, de 34 anos, vai comandar a Prefeitura até o fim do ano ou
até que as questões judiciais com o atual gestor sejam encerradas.
O vereador já havia assumido de forma interina a
administração municipal em fevereiro deste ano quando Ticiano Tomé foi afastado
pela Câmara. Na época, em votação dos parlamentares por seis votos a favor e
três contra, o parlamento decidiu pelo afastamento do titular por 90 dias. O
prefeito, no entanto, conseguiu retornar ao cargo pelas vias judiciais.
Aliado do ex-prefeito João Gregório Neto, assassinado em
dezembro do ano passado, o gestor empossado lamentou assumir o Governo
Municipal em meio a um cenário de desdobramento de um crime e prisões. "O
que a gente gostaria era que o prefeito estivesse vivo. Infelizmente cheguei a
esse cargo devido à vida ceifada do ex-prefeito", declarou Marcim.
O vereador Almir Soares, que assumiu automaticamente a
Presidência da Câmara Municipal com a mudança no comando da gestão municipal,
disse que a "justiça foi feita". "A gente vem sofrendo muito
desde o dia 24 de dezembro (data do assassinato do ex-prefeito)",
declarou.
Às vésperas da eleição municipal de 2020, a cidade viveu um
dia movimentado, ontem, depois de o terceiro prefeito assumir o comando do
Executivo Municipal desde o pleito de 2016. No ato da posse do gestor municipal
interino, houve discursos emocionados de vereadores aliados do prefeito morto
no ano passado. Fogos de artifício foram usados pela população ao lado de fora
da Casa Legislativa em comemoração.
Afastamento
O primeiro afastamento, autorizado pelos vereadores em
fevereiro deste ano, durou apenas um dia e teve como sombra a acusação de
envolvimento do gestor em exercício na morte do ex-prefeito. O pai de Ticiano
Tomé, Vicente Félix de Souza, que também foi preso, já era considerado suspeito
de participação no crime. Na época, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social afirmou que a hipótese de crime político estava "cada vez mais
forte".
Ticiano conseguiu retomar o cargo na Justiça no dia
seguinte do afastamento. Na decisão judicial, o juiz Marcelo Wolney Alencar
Pereira de Matos afirmou que a postura do Parlamento Municipal "feriu
dispositivos legais e princípios da administração pública" e que é
"nulo de pleno direito".
Em fevereiro, o presidente da Câmara Municipal de
Granjeiro, ao tomar posse pela primeira vez no Executivo, leu o juramento aos
gritos de "justiça" perante ao público que ocupou o Plenário do Poder
Legislativo Municipal. O clima entre a Câmara Municipal e a Prefeitura, desde
então, segue instável politicamente.
Conflitos
Dos nove parlamentares da Câmara, seis faziam oposição ao
prefeito preso ontem. Na época do primeiro afastamento, Ticiano Tomé chegou a
ser notificado para prestar esclarecimentos no Legislativo, mas não compareceu
à comissão.
O relator do processo de cassação, vereador José Barcelar
Pereira (Naldo), acusou o então prefeito de violar o princípio da moralidade.
Além de suspeita de envolvimento no assassinato do ex-gestor, há também
acusações de superfaturamento em empenhos no valor de R$ 8 mil e outros dois de
R$ 10 mil para contratação de uma empresa prestadora de serviços.
De acordo com o relatório, até dezembro de 2019, os mesmos
serviços estavam orçados em R$ 2,5 mil. Após a denúncia, a Prefeitura cancelou
o contrato com a empresa.
Diário
do Nordeste
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