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Casos de dengue na Região de Saúde do Cariri aumentam quase 70% em um ano

Foto: Fabiane de Paula

A macrorregião de saúde do Cariri está em alerta para a Dengue. Os 45 municípios que compõem a área somaram, entre 29 de dezembro de 2019 e 27 de julho de 2020, 6.374 casos confirmados da arbovirose. É aumento de 68,8% em relação a período similar no ano passado, quando 3.776 registros da doença foram diagnosticados. Os dados são do boletim epidemiológico mais recente sobre Arboviroses, publicado pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) nesta segunda-feira (10).

Quando se compara a situação por município, o Cariri permanece entre as regiões mais preocupantes. Dentro dos limites da área estão três das quatro cidades que registraram mais de 1.000 casos esse ano: Crato, com 1.107 notificações, Icó, com 1.092 e Juazeiro do Norte, que soma 1.085 ocorrências apenas em 2020. Fortaleza, onde 5.554 positivos foram notificados, é o outro município que compõe a lista.

Contudo, há um diferencial entre a Capital e as demais cidades caririenses. Fortaleza é o único município com circulação dupla da doença no Estado, com a detecção dos sorotipos DENV1 E DENV2. Icó registra circulação do tipo DENV2 e Juazeiro do Norte, a modalidade DENV1  do vírus da dengue. O boletim não especificou a sorologia percebida no Crato.

O epidemiologista Luciano Pamplona, professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), atribui a concentração na região do Cariri à quadra chuvosa. “Continua chovendo neste ano, principalmente nesta região. Isso acelera a capacidade do mosquito de se reproduzir”, avalia.

Ainda segundo Luciano, pela volta do sorotipo DENV 2 da doença, que não circulava no estado há 10 anos, era esperado um aumento de casos em todo o Ceará. “As pessoas que nasceram nesse intervalo ainda não estavam imunes da doença. Por isso, esperávamos um crescimento nas notificações para esse ano. Contudo, o isolamento pode ter coibido a doença, já que as pessoas estavam mais em casa e poderiam cuidar mais dos pontos de foco”, conta.

Ceará

As 30 primeiras semanas de 2020 registraram cerca de 14.193 casos de dengue no Ceará, um aumento de 65% em relação ao mesmo período no ano passado, quando 8.582 foram confirmados. Apesar do aumento de casos, de acordo com a Sesa, o cenário é de redução nos casos notificados de dengue em todo o Ceará. A partir de março de 2020, aponta o boletim, a taxa de incidência da arbovirose permaneceu abaixo da média móvel da doença.

As regiões de saúde do Litoral Leste/Jaguaribe e Sertão Central apresentaram redução no número de casos da doença, com destaque para o Litoral leste, onde os casos reduziram de 5.339 em 2019 para 831 em 2020, queda de 84,4%. No Sertão Central, a redução foi de 52% — queda de 999 diagnósticos de dengue no ano passado para 474 neste ano.

De maneira similar ao Cariri, as regiões Norte e de Fortaleza incrementaram o número de casos de dengue, com avanço de  65,8% e 18,8% respectivamente. Os 55 municípios que integram a área norte somaram, em 2019, 266, enquanto em 2020 foram percebidos 441. Já em Fortaleza, as 44 cidades avançaram de 5.511 no ano passado para 6.073 em 2020. 

Fortaleza

A dengue também avança na Capital. Em relação a 2019, a cidade percebeu um aumento de 166%, ao registrar 5.544 casos da doença entre janeiro e julho deste ano. Em igual período do ano passado foram 2084 casos, de acordo com o boletim epidemiológico daquele ano.

Além de ser o único município com circulação dupla da doença, de acordo com o documento mais recente da Sesa, a Capital concentra a maior parte dos casos de Dengue com Sinais de Alarme do Ceará. 81 dos 162 casos alarmantes foram registrados na Capital. Os óbitos decorrentes da versão mais grave da doença (DG)  também estão concentradas na cidade. Dos 5 óbitos por DG, 3 acontecerem em Fortaleza. Os demais foram em Barbalha (1) e Missão Velha (1).

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção da Sesa, Ricristhi Gonçalves, reforça que, mesmo durante a pandemia, é preciso manter os cuidados para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor das arboviroses.

“Os cuidados não podem parar. É necessário observar e eliminar os focos de mosquito, ou seja, o ambiente em que ele se desenvolve. São ações simples de inspeção em casa, no comércio, em seu trabalho. Precisamos lembrar que ainda estamos tendo arboviroses”, pontua Ricristhi.

Entre as medidas estão a limpeza de quintais, recolhendo objetos que possam acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes plásticos, tampas de garrafas, copos descartáveis e até cascas de ovos. Além disso o lixo doméstico deve ser armazenado em sacos plásticos e descartado de maneira correta, em depósitos fechados.

Diário do Nordeste
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