Inicialmente a comunidade científica recebeu o imunizante com ceticismo e cautela. - Foto: AFP

A vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V, tem eficácia de 91,6% contra a doença em suas manifestações sintomáticas, conforme informou uma análise dos testes clínicos publicada, nesta terça-feira (2), pela revista médica The Lancet e validada por especialistas independentes.

Os resultados preliminares consideram que o imunizante, administrado em duas doses, "mostrou uma grande eficácia" e foi bem tolerada pelos voluntários com mais de 18 anos que participaram na última etapa dos testes clínicos, indicou Inna Dolzhikova, pesquisadora do Centro Nacional Gamaleya da Rússia e coautora do estudo.

A Rússia anunciou, em novembro de 2020, que a vacina teria eficácia "acima de 95%". O país foi o primeiro a registrar uma vacina contra a Covid-19, ainda em setembro do ano passado. A imunização da população russa começou no dia 30 de novembro. Em dezembro, a Argentina iniciou a distribuição da vacinação em massa após receber as primeiras 300 mil doses da Sputnik.

Sputnik V no Brasil

No dia 21 de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reuniu com representantes da União Química, laboratório brasileiro que participa do consórcio envolvido na produção da vacina russa. De acordo com a Agência, o grupo ainda não entrou com o pedido de autorização emergencial. As organizações participantes do consórcio já divulgaram a intenção de entrar com a solicitação.

Os estados do Paraná e da Bahia formalizaram acordos com a Rússia visando a encomenda de doses e a produção da Sputnik V no País. No entanto, o laboratório produtor do imunizante, Nikolai Gamaleya, não formalizou pedido de testes.

Desconfiança

Inicialmente, a comunidade científica recebeu o anúncio da criação da Sputnik V com ceticismo e cautela. A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a destacar que a "pré-qualificação" e a aprovação de uma vacina exigem um procedimento "rigoroso", em crítica ao curto período em que a Rússia levou para aprovar o imunizante. O Ministério da Saúde alemão também levantou dúvidas sobre a "qualidade, eficácia e segurança" do imunizante.

Diário do Nordeste e AFP