Este mesmo modelo de desenvolvimento, atualmente em sua
faceta mais selvagem, com um governo ultraliberal que despreza os esforços
mundiais na construção de modelos sustentáveis, já eliminou a ferro e fogo 93%
da Mata Atlântica, mais da metade do cerrado e das florestas de araucária. A
degradação promovida pela expansão do agronegócio e o crescimento exponencial
do uso de agrotóxicos se acelera na caatinga, no pantanal e nos pampas. A maior
floresta tropical do mundo está ameaçada, pois 20% da floresta amazônica já foi
eliminada e o restante do ecossistema segue cada vez mais ameaçado pela
grilagem de terras e pelo garimpo ilegal, potencializado pela ação marginal de
agentes do Estado que agem sob o manto do Governo Bolsonaro.
A riqueza e a biodiversidade nos biomas brasileiros ainda
são imensas, mas os desafios frente a um projeto deliberado e sistemático de
exploração predatório são gigantescos. Isso exige de todos nós o esforço vital
de ressignificar a importância de se conhecer, preservar e lutar em defesa dos
biomas. No atual estágio da exploração capitalista é preciso superar a
insensatez e consolidar o debate ambiental, para além dos discursos de
conveniência, incorporando estes desafios na agenda de luta pelos direitos,
principalmente na agenda do movimento sindical, rural e urbano, dos movimentos
inseridos nas causas populares e de esquerda. O debate ambiental é vital para
todos nós e para as gerações futuras e precisa estar presente nos projetos que
pensam de forma responsável a vida em sociedade no campo e na cidade.
Um dos grandes desafios de um país tão rico em
biodiversidade como o Brasil, mas com uma crescente concentração demográfica
nas áreas urbanas, é fazer com que aqueles que vivem cotidianamente nas cidades
compreendam que também pertencem a um bioma, que eles são interdependentes, e
que a preservação dos biomas brasileiros é vital para a continuidade da vida de
todos. Buscar alternativas a esse sistema predatório é mais que urgente, pois
como bem disse o filósofo e ambientalista Roberto (Gogó) Malvezi: “Sem a
Amazônia não há produção de chuvas. Sem o cerrado não há aquíferos para
abastecer as bacias brasileiras. Sem a Amazônia ou o Cerrado não há o Rio São
Francisco tal qual o conhecemos. Sem a Amazônia e o Cerrado a região sudeste
(área de maior concentração urbana do país) se transforma em deserto”.
Secretaria
de Política Agrária da Fetraece / Direção Executiva da Fetraece
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