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Por baixa adesão à segunda dose da vacinação contra a Covid-19, o município de Potengi, localizado na região do Cariri, registrou perda de 102 doses do imunizante da Pfizer. As vacinas tiveram o prazo de validade expirado devido à ausência dos moradores nos locais de vacinação. Diferente dos outros tipos de antígenos usados na campanha de imunização, a vacina da Pfizer tem prazo máximo 31 dias a partir do momento que são distribuídas aos municípios, que ao contrário da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), não possuem câmara de refrigeração adequada para conservação por mais tempo.

A titular da Secretaria de Saúde do Município, Luiza Wiliane, explica que nem mesmo campanhas de busca ativa e ações de repescagem têm sido suficientes para atrair a população aos postos de vacinação. “Estamos fazendo repescagem todas as semanas, além de um trabalho casa a casa, através dos agentes comunitários de saúde, solicitando que as pessoas compareçam aos postos de vacinação, mas infelizmente ainda está havendo uma resistência muito grande”, afirmou.

Segundo a secretária, a Sesa já foi notificada sobre o vencimento do prazo de validade das 102 doses, mas ainda não sinalizou qual procedimento irá adotar no caso. “Estamos aguardando que eles recolham essas vacinas”, acrescentou Wiliane. Ela anda ressalta que nos últimos dois meses o município tem recebido número de vacinas D2 superior ao de D1. “Devido a essa baixa procura, estamos ficando com estoque excedente, considerando o prazo curto de validade. Infelizmente corremos o risco de perder mais doses”, projeta.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, mais de 1.600 pessoas que já deveriam ter tomado a D2 estão com o calendário atrasado. No total, a cidade registra 6.819 vacinados com D1 ou vacina de dose única e 5.147 com D2, perfazendo percentuais de 61% e 45%, respectivamente, em relação ao total de habitantes do município (11,1 mil), respectivamente. Nesta quinta-feira, 18, uma nova ação de repescagem será promovida nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município em busca dos faltosos da segunda aplicação.

“Acredito que essa ausência das pessoas para a segunda dose se dá muito por causa da confiança de que apenas a primeira dose é suficiente. E essa é uma realidade que a gente tem visto acontecer em várias cidades também”, comentou Luiza Wiliane.

Investigação

Na última quarta-feira, 10, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) comunicou que está acompanhando o possível desperdício de vacinas contra a Covid-19 no Estado. A Sesa divulgou que, até o dia 8 de novembro, 16 municípios oficializaram perdas de imunizantes. Dentre os motivos para as perdas estão erros no estoque, acondicionamento inadequado e não utilização no prazo recomendado.

Procurada pelo O POVO, a Sesa informou, por meio de nota, que todos os municípios cearenses são constantemente orientados sobre os procedimentos de armazenamento e conservação da vacina da Pfizer. A pasta ainda disse que ao ser notificada sobre eventuais perdas pelos municípios, orienta o uso das vacinas de segunda dose como D1 antes do vencimento do prazo de validade.

Questionada sobre o número de vacinas vencidas que já teriam sido notificadas pelos municípios, a Secretaria preferiu não se pronunciar.

Veja a nota na íntegra:

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que, desde o início do recebimento da vacina Pfizer/BIontech no Estado, no dia 3 de maio de 2021, orienta os municípios quanto às particularidades relacionadas ao armazenamento e conservação do imunobiológico. A distribuição ocorre de forma proporcional entre os municípios, primando pelas boas práticas de vacinação. Em 28 de maio de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a ampliação do período de armazenamento de cinco dias para 31 dias, a uma temperatura positiva de +2 a +8C.

No momento em que os municípios oficializaram o risco de perdas de doses da vacina Pfizer pela proximidade da data de expiração da validade, a Célula de Imunização (Cemun) da Sesa imediatamente orientou o remanejamento das doses entre as cidades ou utilização dessas como dose de reforço e/ou adicional, com o intuito de otimizar a utilização das doses e evitar perdas. Também foram realizadas reuniões com as Superintendências Regionais e Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS) reforçando as recomendações, além de assessoria técnica aos municípios; suspensão de doses da vacina aos municípios que sinalizaram perdas de doses; e envio de documentos oficiais com orientações pertinentes.

Ao ser notificada oficialmente sobre perdas, a Sesa realizou liberações extras de doses de Pfizer para utilização como primeira dose, possibilitando a substituição dos lotes e remanejamento daqueles com prazo de validade mais próximo ao vencimento.

Mais uma vez, a Sesa solicita que os municípios realizem o controle rigoroso das doses recebidas de forma a promover a garantia da aplicação em tempo oportuno, descartando o uso inapropriado e a possibilidade de novos equívocos na utilização das doses distribuídas.

Atualizada às 21h48min

O Povo com informações da rádio CBN Cariri